sábado, 5 de fevereiro de 2011

Arcaico Tecnológico.


No início desta semana precisei ler, para um seminário sobre Teatro em Portugal, uma peça chamada " O Auto do Fidalgo aprendiz" do escritor português: Dom Francisco Manuel de Mello. Esta peça foi escrita em 1646, ou seja é em um Português arcaico, difícil de se ler e compreender. Na verdade é uma farsa, como designou o autor, no entanto, passou a ser conhecida como um auto.




Então propus para meus colegas de residência, para facilitar o processo de leitura, uma leitura dramática da peça, pois somos, eu e Débora das Letras, Franklin e Carlos das Artes Cénicas. 
Todos toparam de imediato, eu e Franklin tínhamos o texto em nossos computadores, Débora e Carlos, rapidamente, conseguiram o mesmo texto na Google.  

A leitura realmente não foi fácil, engasgamos várias vezes, soletramos algumas palavras, mas tudo bem, não estamos acostumados com as palavras e com a ortografia utilizada naquela época, que apresenta palavras como: Vinde, éreis, almotacel, embusteiro, gazua e muitas outras. Além disso a peça é em versos rimados;


"Eis a cousa malfazeja
oh sem ventura dom Gil
 fará tremer trinta mil
 queira Deos que me não veja 
ai já me viu. Santo Antão
 contentara-me de açoutes.
Deos lhe dê mui boas noutes
 irmão quantas horas são?"

Mas o que achei engraçado, e que só percebi durante a leitura, foi o fato de todos nós estarmos lendo em nossos computadores portáteis, um texto em Português arcaico que foi editado no século XVII. Dom Francisco Manuel de Mello, nem em seu exílio na África e no Brasil, chegou a  sonhar que sua obra chegaria a ser lida nestas condições. 

Caso tenha interesse e não tenha mais nada para fazer, lei esta peça: 


Vai ser no mínimo engraçado. 

2 comentários:

  1. O passado retido na escrita sendo revisitado em dias de tecnologia avançada: duas faces da história da humanidade gerando mais história! Espetacular!

    Lerei a peça sim.

    Beijo e beijo!

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  2. É meu amigo... assim como o autor não imaginaria... nós até um tempo atrás também não!
    Realmente é incrível o encontro dos tempos!!!
    Qdo tiver um tempinho lerei a peça pra dar algumas risadas ou pra passar um pouco de raiva hehehe...
    Adoro-te
    Bjo grande

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