domingo, 20 de fevereiro de 2011

Bela Adormecida.

Na última noite (19/02/2011). Fui convidado a viajar pelo mundo dos Contos de Fadas. Ao entrar no palácio, me deparo com um reino coberto de pó, mobílias antigas e teias de aranha descendo do teto, e no meio deste espaço vários senhores e senhoras, com idades superiores a 60 anos adormecidos. Então surge um senhor com todos os fios de cabelo branco, óculos e lendo o que estava escrito em vários papeis que trazia consigo.

Ele um príncipe que apesar de sonhar com um castelo onde todos estavam adormecidos a espera de que ele fosse até lá desperta-los, mantinha-se na vida em que todos desejavam para ele. Queriam que ele fosse médico, ele tornou-se médico, queriam que ele casasse e tivesse filhos e assim ele fez. E quando diziam a ele que o castelo que sonhava não existia, ele afirmava que sim, mas continuava a sua vida tradicional, e o tempo continuava a passar, até que um momento da vida, para conseguir lembrar as coisas mais corriqueiras do seu dia, passou a anotar tudo, e ler no outro dia para recordar. E todos os dias lia sobre seu desejo de ir a o castelo despertar aquele reino, que a muito tempo espera por ele. E assim faz, chegando lá encontra o castelo com seus moradores adormecidos, seu sonho era real. Mas sem saber o que seu ato poderia causar, depois de tanto tempo, pensa em não desperta-los, mas a fada Lilás, já velha, surge e convence ele de que é necessário beijar Aurora pois  essa é uma função que somente ele pode fazer e que devia ter feito já a muito tempo. Então ele beija Aurora e todo a reino desperta depois de quase 100 anos, mas acordam em uma realidade que não é a que eles viviam antes de adormecer. 

Este é o início da adaptação do Conto de Fadas, que o diretor português Tiago Rodrigues, faz com atores que têm idade superior a 60 anos. 





"Bela Adormecida contém, enquanto fábula e enquanto obra canónica para as artes do palco durante o último século, diversos elementos que nos remetem para esta reflexão acerca da passagem do tempo. Bela Adormecida é um terreno fértil para um espectáculo que pensa o próprio conceito que levou à criação desta companhia. É possível acordar num tempo que não é o seu e torná-lo seu?, pergunta-nos esta ficção. Será sequer possível que o presente seja pertença de alguém? E que lugar reserva o mundo para aqueles por quem passou um século de sono, enfeitiçados, e que agora acordam no futuro?"

Tiago Rodrigues

"Como na fábula, quem dá corpo a esta Bela Adormecida é alguém a acordar para o mundo. Chama-se Companhia Maior, não porque seja especialmente numerosa ou porque a sua actividade seja invulgarmente vasta, mas porque tem a particularidade (inédita, em Portugal) de ser constituída por pessoas – actores, músicos, bailarinos, e não só – que excederam já a fasquia dos 60 anos e se encontram afastadas dos palcos, dos ecrãs, dos microfones. Não se trata, contudo, de uma espécie de generation gap invertido. O espectáculo é assinado por um actor, dramaturgo e encenador nascido em 1977, Tiago Rodrigues, que encontrou no conto de fadas matéria-prima privilegiada para pensar as questões que informaram o gesto fundador da companhia: a passagem do tempo, o valor da experiência, o dom da memória, as segundas oportunidades. Variação contemporânea, em tom maior, de um clássico, Bela Adormecida compõe-se também do material decantado de histórias e experiências pessoais dos intérpretes, revelando-se em vozes mais roucas, cabelos brancos e óculos de ver ao perto."


"No tradicional conto de fadas, o tempo não passou nesses anos de esquecimento. Aurora desperta para a vida, com juventude. O beijo condensa felicidade e redenção. Na Bela Adormecida escrita e encenada pelo dramaturgo Tiago Rodrigues para peça inaugural da nova Companhia Maior, não é bem assim. A verdade cola-se à fantasia, põe carga em cada gesto, e os ponteiros sublinham o tiquetaque do relógio. Não para que deixemos de acreditar em fadas. Ao contrário: para que acreditemos, mesmo perante a inelutável passagem do tempo."

Ana Dias Cordeiro





Uma de adaptação brilhante, uma encenação muito bem desenvolvido. Realmente um excelente trabalho em todos os aspectos possíveis. Emocionante.
  

5 comentários:

  1. Nestes dias de aguardo para o 20o Festival de (Teatro de) Curitiba é bom ler sobre peça que pode nos surpreender. De repente o Guia do Festival nos surpreenda por aqui tbém...

    Saudações, Guri!

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  2. Ihhhhhhhhh, saiu 200 Festival e era 20 (vigésimo!). Dahrrrrrrrrrr...

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  3. Apesar das gafes do 20º Festival, que provavelmente irá perdurar pelos próximos 200 Festivais.
    Sempre é possível surpreender-se com algum( ou alguns)espetáculo(s).

    Aproveite.

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  4. Amore te achei aqui!!
    Adoreiii saber que voce ta feliz e curtindo horrores por ai.
    Vou ficar sempre de olho aqui pra ver as novidades.

    Saudadeeeeessss

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  5. Luiz, novo post é esperado e notícias desse lado!

    Beijo e beijo!

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